quarta-feira, 15 de abril de 2009

LV

nas quartas à tarde eu tinha pesadelos com abismo, solidão irremediável, estradas retas e desertas que eu tivesse que trilhar como partira; antevia chuvas de nuvens carregadas, céus desabando logo mais à frente ou o alaranjado úmido do ar antecedendo a tempestade. certo é que quartas eram o dia de chorar da semana, a jornada da síndrome do abandono na minha vida recente.
há semanas anoitece mais cedo, e sopra um vento de outono. não que tenha cessado meu choro, mas há centenas de dias ele já não é so desamparo e toda espera nunca mais é dolorosa. quartas-feiras agora são tardes de esperança, essa memória do desejo.

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