sexta-feira, 23 de maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

XLVI

um senhora de rosto enrrugado vendia peixes famblados e doces caramelizados numa barraquinha de cachorros-quentes. champagne no meio do dia, é só isso que preciso para acabar de celebrar. casa de máquinas, escada de incêndio, fogos vermelhos no céu, sobre os mesmos lugares da cidade que conheço tão bem, o horóscopo dizia para não me submeter à vontade alheia. você se mudou para uma casa geminada, de dois pavimentos construída em madeira. ainda me recebe ali um tanto desconcertado,logo a mim, você deve saber que eu não me assombro com fantasmas. me mandou passar o dia ali, quem sabe para me apossar. logo eu, que sei que posse se toma bem devagar, devagar. obedeci, por que escolho a quais vontades me submeto. sei de cor as nuances de sua sala monocromática.

XLV

l., tive um pesadelo.
eu vi, t. passou?
hum, hum. minha mãe me ajudou.

XLIV

wish tree.
a um pai eu desejo muitos mais anos de vida.
a uma mãe eu desejo a suavidade.
a uma mãe eu desejo o coração quente e que goste de surpreender-se.
a uma filha eu desejo um longo caminho e o gosto da solidão.
a outra filha eu desejo que chegue bem quando decidir que é hora de vir viver aqui embaixo.
a um amor eu desejo que possa abraçá-lo até o fim dos dias.
à amizade eu desejo que nunca termine e que seja sempre "apesar de", não "por causa de".

sexta-feira, 16 de maio de 2008

XLIII

devo a ele a espera, tantas vezes repito a mim, para que eu acredite que posso. devo a ele os dias, horas em que ele precisar purgar todo o medo, tanta dissolução. eu estava lá quando começou.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

XLII


15 de maio,1886: Amherst, Massachusetts.

Futile – the winds –
To a heart in port –
Done with the compass –
Done with the chart!

XLI

agora que a casa é feito uma nuvem despedindo-se da opacidade, pediu que a abraçasse até que o vento da noite não ruja mais; ou, ele sabe, agora que o quarto escuro se ilumina passo a passo. ela pode ir. ela pode voltar. agora toma banhos longos em água fervente, com aroma de chá preto, enquanto visita suas reflexões bem óbvias. ela pode ir, pode ficar. viaja suavemente até lá, distrai-se com as luzes do caminho. despe-se. enquanto recolhe dos olhos dele doses de encanto e volúpia, ela mergulha lâminas de papel em café, pelo gosto de escurecê-las. ela pode ir, ela voltará. ele envolve-a - não sabe se o alívio é seu ou dele, mas respira a mudança.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

XL

rota reversa, cadernos que se exaurem de um texto minúsculo. ansiava pelo vazio e pela duração, mas precisou, nem sabe a razão, de testar a nitidez das próprias personagens. então voltaria a escrever, mesmo que as palavras não possam demorar-se. loomis: sem melancolia, as voltas ao redor de seu próprio quarto tem agora um raio aumentado.
aprendeu a andar de chinelos, brancos, dourados, pretos. deixar os dedos dos pés visitarem a cidade. um vórtice profundo, um paradoxo no coração acelerado todo dia - finas lâminas de borracha, cada vez mais à flor da pele, e com a solidez das emoções fundas, opacas.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

XXXIX

ele esquece canetas esferográficas pela casa, as que traz de presente ou as que deixa sobre os livros ao lado da cama. ela as recolhe como fossem talismãs, sua garantia de que ele está perto, um suspiro e acredita que ele talvez esteja ali pra sempre. no começo da semana, uma caneta encapada de verde - como a chave das correspondências secretas que parecia lhe dizer - cuide bem do que é seu, nunca se esqueça da fragilidade, é por isso que um amor resiste. guardou.