quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

XXXVII

loomis. vogais e consoantes duplas nos sobrenomes sempre lhe lembravam coisas que duram, duram. prolongam-se, como uma exclamação ou um suspiro. acabou de descobrir que um gemido, de entrega, também pode durar vinte anos até partir dos seus lábios e ganhar o mundo para daí se repetir até que esta vida termine.

3 comentários:

vacante cicerone disse...

e se um gemido, de entrega, não encontrar a via de escape? e se ficar na pele, nos ouvidos, nos olhos. partirá dentro de mim e comigo: nos meus passos, tortos?

OCSB disse...

aí, caro/a cicerone, não terá sido de entrega. ficou na pele, nos ouvidos, nos olhos, entortando os passos. entrega, mesmo, de verdade, e mabel sabe disso como ninguém, é outra coisa. e a gente fica exigente. gozo, só na entrega. entrega é ficar menor. dar o que não recebeu. e isso, só em transe, quando o si optou por sair do si, enlouquecer e morrer. um aprendizado que toma uma vida inteira, acho. mabel arrasa corações. põe todo mundo ávido, como vampiros. também, pudera, egressa do atelier de clarice que é. que show. sem recurso.

vacante cicerone disse...

ora, ora! mas isso é alquimia pura, silviano. mas sabemos que não é verdade: a entrega não é uma sublimação irreversa. depois do si morto, ele voltará, ainda que modificado, para o corpo que o continha quando da entrega, do gemido. e aí meu caro, o longo gemido, não o dos lábios (porque esse já ganhou o mundo), mas o que exala na pele, irá visitar seu corpo e escorrer pelos ouvidos, pelo nariz, pelas mãos, pelos pés. porque de tudo fica um pouco. é o que perdura, que prolonga, como uma exclamação. o mais engraçado é que isso pode ou não qualificar uma entrega. nem se ela foi uma escolha exigente. mas com gozo, impreterivelmente. do contrário não haveria entrega, gemido. quanto a mabel, ah! ela é show!