quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

XXXVI

como há muitos anos - ele adorava as perguntas sobre os presentes, eram suas pistas -me perguntou o que eu desejaria ganhar no melhor natal da vida. eu só me lembro de desconversar em duas palavras, mais pra mim que pra ele. muito sofrido não recebê-lo. melhor não responder. véspera de natal, tarde de vento e sol, eu nem senti que vinha numa brisa, rolando em suaves nuvens de fumaça, num sopro de bom augúrio, asas de pássaro batendo e eu nem vejo. madrugada quente, me despedi até o dia seguinte. mas o amor é assim, envolve você num abraço, um centímetro de distância, suas e minhas mãos imóveis. a segunda vez em que acontecia assim, uma doação inteira, naqueles longos dias, semanas, anos. chegou, afinal. apertei os olhos, nessas horas sou só contemplação. mesmo que ele tivesse de ir agora, esse já teria sido o natal da vida - do que não pôde ser calculado, nem previsto, mas cujo alvo foi só boa sorte.

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