segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

XXX

um dia ele lhe contou ter imaginado que as mulheres todas fossem como ela. difíceis. não precisavam - talvez, e entretanto iam ficar juntos. os dois têm sede, mas riem um pro outro, sorrisos que penetram pelos olhos dele e dela. não, ele lhe disse, aprendi que as mulheres não são todas como você. me davam algum alívio. você não. não posso, respondeu a ele. a falta inevitável que sente por toda a vida, quase nem acredita ter sido ele a reconhecê-la. um dia de cada vez, sobrevivente; horas todas elas sentindo a suavidade e a urgência. manhãs de segunda-feira, mergulhos há muito esperados no cotidiano, i will take a walk outside; cuidados minúsculos - como fossem pequenos torrões de açucar a desmanchar entre meus dedos.

Um comentário:

OCSB disse...

nossa - se espantou consigo próprio. como podiam aquelas palavras lhe espantar tanto? tão inconfessáveis lhe pareciam, numa que parecia ser uma cinzenta manhã de segunda... qual o que... não é nada disso, vc está enganado - ele, depois de lê-la, dizia para si próprio. ficava mais difícil desdobrar o restante das horas daquele dia. lógico: não havia mais lugar para pequenas traições para consigo próprio. as coisas ficaram, subitamente, ou absolutamente impossíveis ou, inversamente, completamente possibilitadas. era questão de decisão própria. estava com saudade da eternidade, do rio e do sol.