sexta-feira, 18 de maio de 2007

V

décimo-segundo andar, avenida do parque. por trás do brise-soleil verde (ou azul)-piscina, a luz mudou da madrugada pro dia ensolarado. molly se pergunta ainda por quantas vezes virá ali, ela que gosta de obstáculos e de não dormir uma noite inteira. uma vez se casara, e no caminho para a cerimônia todas as ruas estavam fechadas, feito paisagem de sonho. molly nem se preocupou, tão desarmada estava, e tão feliz pelo imenso bouquet de flores que receberia mais tarde. cada desaviso tem um preço, e ela viu-se muito tempo depois sozinha de uma solidão palpável, daquelas que você só suporta colocando uma música alta no rádio do carro enquanto dirige por longos quilômetros em linha reta, imaginando frases inteiras pra nunca dizer a quem não te ama mais, mas você insiste e sabe bem por quê. um dia molly contou a uma professora, a quem não via muitas vezes num ano, mas sim, qundo se encontravam eram encontros repletos de amizade, que gostava de se casar decerto porque era uma mulher conservadora. ao que a professora respondeu: não, mabel, um casamento é também uma utopia.

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