sexta-feira, 18 de maio de 2007

VII

molly amanheceu sabendo que o veria, esse era um daqueles dias em que ia se sentir muito triste e precisaria esquecer que a comunicação humana existe. telefones são inúteis, nunca mais ia usá-los. mas era sempre nesses dias que acontecia, ela não podia evitar e ele também não, mesmo que nenhum dos dois quisesse assim ou soubesse por que acontecia desse jeito. assistiu às aulas em francês para matar a saudade do acento, pensou se ia mudar de cidade e esperou que ele respondesse. era companheiros de solidão, era só isso. ele acertava os dias, ela se apoiava nele como numa promessa. ele sentia seu cheiro, ainda que a milhas de distância, era isso o que lhe bastava. imaginou-o sozinho como sempre, quis estar lá para dar boa noite e o mandar para casa. ele não entende alemão direito, não vai compreender o que o segurança ou o porteiro disserem quando o mandarem fechar o laboratório, terminar seu serão, deixar o andar, tirar seu uniforme. molly imaginou seus olhos grandes e perdidos. sentiu saudade. e estava só.

Um comentário:

OCSB disse...

carlos ficara desnorteado mais uma vez. e também feliz: o embate entre a rocha e a seda expunha, por si só, a vulnerabilidade da primeira. havia uma possibilidade. algo ainda não existia no planeta, e seu passar-à-existência dependia deles, numa total fragilidade. homens são mais caras-de-pau de dizer uma coisa dessas, pensou devagar.