terça-feira, 8 de maio de 2007
III
molly se espanta com facilidade. mas nunca tanto quanto descobriu que mulheres são o sintoma do mundo e por isso os consultórios de psicanálise estão repletos de nós. molly comparece religiosamente às suas sessões vespertinas, vai e volta andando vagarosamente, odeia que haja um elevador à saída, ela gostaria de ter que caminhar por um caminho longo e horizontal, tão logo se despedisse de seu médico. com ele molly aprendeu a respeitar o inconsciente: gosta de chamá-lo médico não pela perspectiva da cura, mas por que o que se passou consigo mesma foi uma intervenção cirúrgica, algo perto de uma cesariana, um bisturi atravessando sua pele e desenhando mapas como cicatrizes do que é ser uma mulher. uma vez, ao terminar um livro que escrevia, molly agradeceu ao seu psicanalista: com minha gratidão mais íntima, por insistir em que aquilo de que não se pode falar, é preciso dizê-lo.
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3 comentários:
Belissimamente escrito. Fiquei fan e voltarei pra ver como ela vai! Abracos!
carlos frederico havia visto seu olhar. procurou-a após alguns dias, mas só seu eco o respondeu. foi então que lembrou-se de que, por vezes, agia do mesmo modo.
refletindo sobre o que lera, e constatando também a vibração que aqueles escritos geravam em torno de si, carlos passou a achar que felicidades não têm regra alguma. e que aqueles escritos eram lindos.
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